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Eu sempre fui uma pessoa muito responsável, boa aluna e extremamente preocupada com os estudos e com o meu desenvolvimento profissional. Eu cresci sendo assim. E eu também sempre gostei de desafios, de resolver problemas e sempre me interessava pelo que era mais difícil. Não de forma surpreendente me interessei pela profissão mais concorrida, pelo vestibular mais difícil. E depois foram anos de estudo e de renúncias. Logo vieram os plantões, que passaram a restringir ainda mais o meu tempo livre e a me fazer ausentar em momentos que gostaria de estar presente. Ao mesmo tempo, minhas responsabilidades foram aumentando e eu passei a gastar quase toda minha energia trabalhando.
Além de trabalhar, ainda me preocupava com minha produtividade e passei a determinar tarefas para todo o meu tempo. Não me permitia pausas. O burnout veio, e eu tive que fazer exercícios para reaprender a estar presente. Com a gravidez, minhas preocupações e o estresse só aumentaram. E quando minha filha nasceu, eu passei a sentir um cansaço que nunca tinha sentido antes. Eu senti dor por seis semanas consecutivas e tive medo de nunca mais parar de sentir dor.
Demorei para ser feliz com minha filha no colo. O cansaço e as preocupações me sufocaram. Mas o amor foi sendo construído e, de repente, me dei conta de quanta felicidade sentia quando estava com ela brincando. Estar em ambientes coloridos, lúdicos, que estimulam a liberdade e o desenvolvimento de movimentos e talentos, passou a encher o meu coração de alegria. A infância da minha filha me transportou para o momento presente de forma simplesmente natural, sem técnicas ou artifícios, e me fez perceber o quanto tinha perdido a leveza da minha própria infância.
Brincar é urgente para mim porque me traz liberdade, alegria, autenticidade. Brincar faz a gente se expressar em plenitude. Brincar me conectou com os talentos que eu tinha e por um tempo esqueci. O brincar me desenganou. E para você, por que brincar é urgente?