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Pés descalços

Três crianças sentadas na grama, imagem focada nos pés descalços
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É impressionante a frequência de anúncios comerciais que se referem a calçados para crianças que ainda não andam. Contudo, muitos profissionais de saúde envolvidos no processo de desenvolvimento de bebês e crianças entendem que além de não ser necessário calçar a criança nesta fase (exceto em ambientes frios e para fins de abrigo), esta prática ainda pode ser prejudicial para o desenvolvimento motor.

 

Nas crianças pequenas, o estímulo sensorial e motor são aspectos fundamentais para o seu pleno desenvolvimento. Quando a criança manipula os pés com as mãos ou a boca, está usufruindo de um estímulo sensorial muito importante. Não se deve reprimir a sensibilidade tátil calçando os pequenos pezinhos, pois eles informam sobre o mundo exterior, transmitindo sensações de temperatura e texturas, favorecendo o desenvolvimento psicomotor da criança. Precisamos prestar atenção para cuidar e aumentar a liberdade dos movimentos dos dedos e pés, pois eles são um órgão tátil que se move muito.

 

Na primeira infância, o jogo predominante é motor. A criança brinca com o corpo e com os pés, o que estimula o seu controle neuromuscular. Permitir o pleno desenvolvimento físico dos bebês acelera certas formas de maturação devido à estimulação do processo de mielinização dos prolongamentos axonais, sendo o desenvolvimento físico do bebê fundamental para propiciar o pleno desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociais.

 

É necessário que a sola do pé da criança possa entrar em contato com superfícies irregulares para estimular sensações cinestésicas e reflexos posturais. A criança precisa de estimulação tátil, pressões e irregularidades do terreno para desenvolver a propriocepção, melhorar o posicionamento de articulações e fortalecer os músculos. Os calçados dificultam que os bebês e crianças pequenas recebam tais sensações, além de poderem adicionar peso excessivo aos pequenos pés e dificultarem o movimento dos dedos, favorecendo até mesmo quedas.

 

Não devemos criar obstáculos ao desenvolvimento proprioceptivo, neuromuscular e intelectual da criança trancando seus pés em sapatos que ela não necessariamente precisa. As crianças devem ser encorajadas a desfrutar de seu corpo e de suas habilidades motoras de forma livre e têm todo o direito de aproveitar a total potencialidade de seus pequeninos pés descalços.

 

Referência:

Gentil García I. Podología preventiva: niños descalzos igual a niños más inteligentes. Preventive podology: barefoot children equal to more intelligent children. Rev Int Cienc Podol. 2007;1(1):27-34.